EXTINÇÃO QUANDO OS JACARÉS FOREM VEGETARIANOS

O Jornal de Angola, em 2012, dizia na sua manchete “Malária em Angola em vias de extinção”. Doze anos depois escreve que Angola reduziu a taxa de mortalidade por Malária de 12 mil para 9 mil casos, entre 2022 e 2023, apesar do elevado número de casos registados no mesmo período. Está a ser difícil a… extinção.

Foi a ministra da Saúde, Sílvia Lucutuca que, no fim da II Reunião Ordinária da Comissão Nacional de Luta Contra o VHI/Sida e Grandes Endemias, orientada pela Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, coordenadora do órgão, revelou estes dados.

Em declarações a alguma imprensa, Sílvia Lutucuta frisou que os desafios continuam em relação ao controlo vectorial, e que estão a ser reforçadas as acções de mobilização de recursos financeiros e a formação contínua dos quadros do sector.

Será que estes dados também integram a tese de pós-doutoramento do general João Lourenço, intitulada: “O MPLA fez em 50 anos mais do que os portugueses em 500”?

Em relação à resistência dos mosquitos ao processo de fumigação, a ministra frisou que, neste momento, está em curso um estudo para avaliar a resistência do mosquito aos produtos e também aos fármacos. Faltou dizer que estes mosquitos pertencem ao grupo de activistas anti-MPLA, gerido – é claro – pelos arruaceiros da UNITA.

“Portanto, há alguns medicamentos que estão a ser descontinuados no nosso seio, como o quinino, por exemplo. Mas está em curso um estudo, liderado pelo Instituto Nacional de Investigação em Saúde, e em breve teremos resultados sobre o assunto”, disse.

Sobre a distribuição de mosquiteiros, a ministra explicou – revela o Jornal de Angola – que, além das seis províncias que têm o apoio do Fundo Global, o Estado também tem feito a aquisição de mosquiteiros para as campanhas e rotinas, e que apesar de no ano passado terem sido colocados alguns desafios em relação à aquisição, está programado um reforço com recursos próprios do Estado.

Questionada sobre a aquisição da vacina contra a Malária, Sílvia Lutucuta informou que o país está agora na fase de mobilização de recursos financeiros para poder alinhar neste processo.

“Como devem compreender, a Malária é um grande problema de saúde pública na nossa região, no continente africano, África subsariana, e a corrida para as vacinas é muito grande. Mas, nós vamos continuar a lutar para também conseguirmos as vacinas, que serão apenas para crianças menores de 4 anos, que é a faixa etária mais afectada pela doença”, esclareceu, dizendo que tudo está a ser feito para que seja ainda este ano.

Na reunião, em que foi apresentado o grau de cumprimento das deliberações e recomendações do I encontro, realizado em Julho do ano passado, foi apresentado o Plano Estratégico 2023-2026, em que foi feita uma abordagem das estatísticas, em que Angola continua a ser um país sem cifras muito elevadas, com apenas dois por cento da população que vive com o VIH/Sida.

“Temos cerca de 310 mil casos, dos quais 35 mil são crianças dos 0 aos 14 anos, e 190 mil mulheres, e 15 mil novas infecções por ano”, apontou, acrescentando que a mortalidade, relacionada com o Sida, o país registou no ano anterior cerca de 13 mil mortes. Sílvia Lutucuta disse que o objectivo é trabalhar para atingir as metas “95, 95, 95”, que é 95% de casos diagnosticados, 95% casos de doentes tratados e 95% de casos com a carga viral suprimida.

Segundo ainda a ministra, continua o trabalho com os diferentes parceiros na mobilização de recursos para o combate ao VIH e às Grandes Endemias, sublinhando que existe um Plano Estratégico Nacional de Resposta ao VIH/Sida e às Hepatites Virais.

Na reunião, foi ainda abordado sobre o Plano Estratégico a ser implementado para a eliminação do VIH/Sida na criança até 2030. Do ponto de vista prático, a primeira grande estratégia, segundo a ministra, é a redução da transmissão de mãe para filho.

“Há uma série de acções coordenadas, e existe a campanha “Nascer Livre para Brilhar”, que tem também um plano estratégico, com o principal objectivo de esclarecer as pessoas, fazer com que adiram às consultas, aos diagnósticos e ao tratamento, no caso da mulher grávida e também adesão ao tratamento da criança logo no início, depois do seu nascimento”, referiu.

Sobre todos os aspectos ligados ao diagnóstico e tratamento, que são da responsabilidade do Instituto de Luta Contra o Sida, disse que essas acções vão continuar.

“A parte inicial é mesmo fazer a prevenção da transmissão do VIH de mãe para filho, em que o país tinha uma taxa de 26 por cento, mas que agora baixou, fruto da campanha ‘Nascer Livre para Brilhar’. O objectivo é chegar até zero transmissão e a meta até 2030”, frisou.

Ao reconhecer que existe, de facto, muita discriminação e estigmas, disse que há uma estratégia para se combater esse problema e que a sua implementação passa pela aprovação da Lei do VIH/Sida, que está a ser trabalhada a nível técnico, mas que é importante continuar a trabalhar na sensibilização da população, na qual a Comunicação Social tem um papel fundamental, assim como outros sectores.

Em relação à tuberculose, em que no ano passado houve situações de rotura de fármacos para o tratamento da doença, a ministra adiantou que os fármacos estão a ser produzidos, e que parte deles já está no país. Segundo a governante, são medicamentos sensíveis para a luta contra a tuberculose sensível, isto para a primeira fase, que o país tem o suficiente.

“Estão a chegar ou já chegaram também para a tuberculose multidroga resistente, e nós acreditamos que nos próximos dias, e antes do fim deste mês, teremos o esquema completo com a chegada de medicamentos para a segunda fase do tratamento da tuberculose sensível”, garantiu, avançando que os fármacos estão acessíveis a novos doentes, e que as aquisições foram feitas contando com um número de 80 mil casos, apesar de país registar menos de 70 mil casos nos últimos dois anos.

Sobre a atribuição de cestas básicas a doentes mais vulneráveis com tuberculose, práticas que acontece já nas províncias de Benguela e Cuanza-Sul, com o apoio do Fundo Global, a ministra avançou que a intenção é expandir a acção para garantir que continuem com o tratamento em tempo útil, evitar abandonos e, por outro, evitar também os casos de tuberculose multidroga resistente.

Segundo dados de 2022 e 2023, houve uma redução de casos de 69.252 para 68.268, e de óbitos, de 1.010 para 503, sendo que se registou uma taxa de adesão e sucesso no tratamento, que se deveu ao aumento da testagem “DOT” (Tratamento de Esquema Curto Directamente Observado) da Tuberculose comunitária e de acções coordenadas entre os vários sectores.

Outro ganho, destacado pela ministra, a nível laboratorial, foi a melhoria da capacidade de diagnóstico, com a introdução do “Diagnóstico Molecular”, que é mais assertivo e que garante um diagnóstico de certeza dos casos.

“Nós reduzimos consideravelmente a incidência de casos por habitantes, de cinco casos para 10 mil habitantes, fruto das acções ou medidas que têm sido tomadas, mas o objectivo é continuar a trabalhar nas acções coordenadas para atingir um caso em cada 10 mil habitantes, durante cinco anos, o que vai garantir a sua eliminação” sublinhou.

Na reunião, foram ainda destacados os ganhos registados no reforço da luta antivectorial integrada, em que foram reforçadas as acções a nível dos municípios e das províncias endémicas com a doença do sono.

Folha 8 com Jornal de Angola

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